Discurso do Director-Geral do ISArC na Abertura do Seminário Internacional Sobre Património Cultural

Tem lugar entre hoje e amanhã (19 e 20 de Março), no Monumento e Centro de Interpretação da Matola (MOCIM), um seminário internacional sobre Património Cultural, intitulado: “Re-avaliando Novas Perspectivas e Novos Rumos da Pesquisa na Região Sul do Oceano Índico (200-2000AD), co-organizado pelo Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC), Instituto Nacional de Ciências Sociais e Humanas da África do Sul, Universidade de Witwatersrand e a Universidade de Cape Town.

Acompanhe na íntegra o Discurso de Abertura do Director-Geral do ISArC, Dr. Filimone Meigos:

Caros amigos e colegas

As minhas primeiras palavras são de boas vindas aos nossos queridos visitantes.

Tal como sabem, estão em casa. Tenham vindo do hinterland ou da lonjura do Oceano Índico, temos uma mesma ancestralidade.

O que nos junta aqui é a noção de património. Por isso, talvez faça sentido lembrar que aqui neste património, juntos morreram moçambicanos e sul-africanos, quão grandioso é o nosso património comum, a liberdade.

Ironia da natureza e da História, nascemos vizinhos, famílias do mesmo sangue. Por esse património que construímos, que nos une, peço-vos que observemos um minuto de silêncio.

Tratar dos nossos bens, da nossa narrativa e da nossa ancestralidade é salvaguardar que o nosso património é transmitido aos nossos e aos “outros”. É fazer com que as gerações futuras possam revisitar os “locais do crime” e tenham a prerrogativa de reconstitui-lo com evidências, índices e ícones, resignificando-os.

Isso só pode ser tangível se juntos, tal como morremos, possamos viver. Só assim faz sentido a investigação e a partilha dos respectivos processos e produtos finais. A investigação só faz sentido quando ela abre hipóteses de trabalho, novas inquietações, em rede partilhada, aberta.

Por isso, no que nos toca, estamos interessados em parcerias para a internacionalização, onde juntos pesquisamos, discutimos e difundimos o que juntos construímos, quanto menos não seja pesquisarmos sobre a representação que fazemos de nós próprios.

Existe por cá um debate recorrente sobre a pertinência ou não das ciências sociais. Se elas contribuem ou não para o desenvolvimento do país, se elas fazem falta, por aí adiante. Já que estamos a tratar de património, a minha tentativa de resposta a esse debate é um aforismo, um convite a reconhecermos uma verdade "a la palisse":
-Alguma vez viram um filho sem pai?

Muito obrigado.