Os desafios da (re)africanização, segundo professor Severino Ngoenha

Na sua intervenção ontem, no arranque do colóquio, “(Re)africaniando os espíritos: memórias, corpos e representações” organizado pelo ISArC, em parceria com a Uesb, do Brasil, e a UP-Maputo, o orador principal do evento, Professor Severino Ngoenha, referiu ser urgente a adaptação da África ao ritmo actual de desenvolvimento do mundo.
Relembrando o célebre trabalho de Charles Darwin, sobre a origem das espécies, o filósofo moçambicano, relembrou que as espécies que não se adaptam estão condenadas a desaparecer, mas hoje a lógica da selecção não é mais o ambiente, mas a tecnologia e o neoliberalismo. Quem não os acompanha manter-se-á na periferia, o equivalente à eliminação, na linguagem de Darwin. É o caso da África.
Nunca a distância cientifica-tecnológica entre a África e o ocidente foi tão grande como hoje a vemos. “O que é que esta diferença nos autoriza a sonhar para nós, para nossos filhos?”, questiona Severino. Para evitarmos a nossa liquidação, “teremos de pedalar muito e forte, com toda a energia e juntos”, prosseguiu em jeito de resposta. Em tudo isto as artes e a academia desempenham papel fundamental.
A titulo ilustrativo, Severino Ngoenha falou do movimento do Afro futurismo. Este movimento que recorre a visões do mundo não ocidentais, para além de revisar, questionar e reavaliar o passado histórico, significa uma estética identificável nas práticas artísticas, científicas e espirituais da diáspora africana, mas também de dentro do continente. É um novo caminho que já está a ser seguido para colocar África e a sua diáspora ao ritmo do mundo, na tecnologia, na ciência, nas artes e cultura etc.
No acto de abertura do evento intervieram, ainda, o Director Geral do ISArC, prof Doutor Filimone Meigos, o Vice-reitor da UP-Maputo, Professor José Castiano e o pró-reitor da Uesb, Prof Doutor José Jackson dos Reis Santos.