Dia mundial do património audiovisual

Numa parceria entre o Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC) e o Observatório das Políticas Culturais de África (OPCA), foi hoje celebrado o dia mundial do património audiovisual no campus do ISArC com a participação de professores e estudantes desta instituição.


Na sua intervenção, a representante do OPCA, Maria Manjate, destacou a importância do acolhimento do evento pelo ISArC no âmbito do acordo de parceria entre as duas instituições. Manjate defendeu que discutir património mundial audiovisual constitui uma oportunidade de reforçar a parceria tendo em conta o facto de o ISArC leccionar o curso de licenciatura em Cinema e Audiovisual, que é fundamental para a preservação do património audiovisual de Moçambique e não só.

Tendo por pano de fundo o tema Alistamento do Património Documental para a Promoção de Sociedades Inclusivas, Justas e Pacificas, o evento consistiu na exibição de filmes, comunicações sobre o audiovisual e consequentes debates.

Rosalina Nhachote, docente no curso de Cinema e Audiovisual, propôs-se fazer o ponto de situação da matriz cinematográfica de Moçambique independente. A partir de “Desobediência”, um filme documentário de Licínio de Azevedo, a oradora procurou situar o cinema moçambicano na fronteira entre o documentário e a ficção, dada a sua tendência para reconstituir factos reais, num claro posicionamento do documentário enquanto “cinema testemunho”.

Rufus Maculuve, docente do ISArC e director do Centro Cultural Ntsindza, explorou o modo como a mobilidade no oceano índico moldou as assinaturas sonoras dos seres humanos. Rufus situa a sua comunicação na realidade empírica da Ilha de Moçambique (Muhipithi), para explorar os invasores sonoros da ilha (motorizadas e corvos, por exemplo), bem como a manifestação cultural Maulide cuja existência vê-se agora ameaçada.  


“Gente da boa terra” é uma proposta cinematográfica do cineasta e docente do ISArC, Elísio Bajone, também trazida a debate, com a participação do autor. Trata-se de um filme que retrata a arte, cultura, gastronomia e a vasta riqueza visual da baía de Inhambane, através de depoimentos de uma vasta gama de figuras daquela cidade. O filme, ora em exibição no festival First-Time Filmmaker (link https://liftoff.network/ft-filmmaker-sessions-november/Guys from Good Land) de Los Angeles, na Califórnia, EUA, apresenta-se, assim, como um documento com testemunhos reais sobre a baía.

Coube, por fim, a Paulo Guambe, também docente na área de Cinema e Audiovisual no ISArC, dissertar sobre a proibição da memória e sobre os processos que a negligenciam. Guambe esmiúça a forma como é feito o registo da memória e como os documentos audiovisuais são preservados por algumas instituições nacionais, tais como a Televisão de Moçambique (TVM), Arquivo Histórico de Moçambique (AHM) ou, ainda, o Instituto Nacional de Indústrias Culturais e Criativas (INICC), destacando os desafios enfrentados por tais instituições.    

O dia mundial do património audiovisual foi escolhido pela UNESCO e é celebrado desde 2005 com vista a alertar a sociedade global sobre a importância e os riscos de preservação de documentos sonoros e audiovisuais gravados.